quarta-feira, 17 de junho de 2009

... Sentimento de culpa


… Os dias que se seguiram foram angustiantes… o diagnostico era muito reservado … mesmo que ela ultrapassasse o coma as mazelas seriam imensas… dilacerava-me o coração ver o sofrimento do P. o sentimento de culpa perseguia o … eu não sabia como o aliviar desse peso… nada do que eu dissesse iria mudar o seu pensamento… a raiva dele assustava me … sempre de punho cerrado como se fosse esmurrar algo ou alguém a qualquer momento… eu queria lhe dar mimos compensar o seu sofrimento de alguma maneira… mas sentia que a minha presença lhe lembrava ainda mais a razão da sua dor… se não tivéssemos ignorado aquele barulho a mãe dele teria sido socorrida mais cedo e… talvez fosse mais fácil ela recuperar… já me estava a sentir culpada… não era justo… não podíamos prever que naquele momento de entrega total um ao outro, alguém estaria a precisar do nosso auxilio… sempre que ele olhava em minha direcção o seu olhar era neutro… indecifrável … arrepiava-me a ideia de ele me achar culpada… sentia me tão mal… passamos o sábado todo no hospital… os médicos aconselharam nos a ir embora ele nada podia fazer mas…ele não queria sair dali … não queria abandonar a mãe… não tive coragem de o deixar sozinho… o pai e a irmã estavam no estrangeiro… fiz lhe companhia pela noite dentro… acabamos por adormecer exaustos, sentados nas cadeiras … quando acordei ele estava debruçado sobre ela como à espera de um sinal … senti me fraca não consegui comer nada o dia todo… ele também não comeu nada mas senti o com uma energia inesgotável … era a raiva que o alimentava… mas eu estava a ficar sem forças … lembrei me de Dona L… liguei lhe … ela achou melhor avisar o Sr. Administrador e a sua filha e veio ter ao hospital… o P abraçou a… deixou que ela o confortasse… fiquei com os olhos húmidos mas as lágrimas ficaram presas porque ele não quis que eu o confortasse… que eu o abraçasse… deixei os e fui com a E para casa dela… tomei um banho quis chorar mas as lágrimas não saíam … tentei a muito custo comer alguma coisa … tentei conversar uma pouco com a minha amiga E mas não me sentia bem… regressei ao hospital …sugeri à Dona L que o levasse para casa eu ficava ali na vez dele…mas ele não aceitou … fiquei com ele novamente toda a noite … segunda feira de manhã acordei cedo com dores no pescoço, ele já estava perto da mãe … aproximei me … dei lhe a mão … ele apertou a e sem me olhar pediu me para ir trabalhar dou me instruções sobre os processos a tratar… dei-lhe um beijo no rosto e dirigi me ao metro mais próximo… demorei um pouco a entrar no ritmo do trabalho mas consegui preparar os processos para Dona L os levar ao hospital para o P assinar… a E veio almoçar comigo queria se certificar que eu comia alguma coisa… grande amiga… a irmã que nunca tive…

5 comentários:

Dida Prazeres disse...

é optimo nos momentos em que nada faz sentido ter amigas assim!!! :)


Beijoooo

A Menina Wow disse...

Tudo acontece quando menos se espera, e cada vez dou mais conta disso.

Quanto aos amigos, os verdadeiros, contam-se pelos dedos de uma mão e não enchem essa mão; E é em alturas como estas, momentos que nos sentimos fragilizadas para tudo e mais alguma coisa, que elas aparecem e nos dão força, a força que nos faltava. :)

Felizmente, sei o que é ter uma amiga, com quem posso contar para tudo e mais alguma coisa.

Um Beijo Felina, muita sorte*

Cris Animal disse...

Oi Felina! Retomando meu blog, mas antes lendo todos meus amigos. matando saudades...

Nos improvisos da vida é que realmente conhecemos as pessoas. Nos momentos mais inesperados é que as reações inesperadas das pessoas nos fazem grandes surpresas; umas boas, outras péssimas!

beijo grande pra vc

VERTIGO disse...

Há momentos que precisamos de momentos só nossos para que possamos resolver os problemas do mundo.

Beijos!!!

Nuno disse...

Ups!!! passei por acaso, espero que tudo acabe bem e o amor volte de novo...