segunda-feira, 1 de outubro de 2012

... O inevitavel...





Passei a noite inquieta…  os olhos abertos na escuridão… desfilavam de maneira intermitente imagens e momentos dos últimos meses , momentos tão intensos e preenchidos ,  que pareciam vivências de anos… ele dormia a meu lado num sono profundo… como uma só pessoa pode virar  a nossa vida de pernas para o ar, senti um aperto no coração, esta loucura que eu estava a viver estava quase a chegar ao fim, ia sentir falta desta montanha russa de emoções… não sei que horas eram quando adormeci só sei que acordei com vozes animadas no corredor, continuei deitada com olhar irrequieto a tentar perceber o que se passava, não consegui perceber o que diziam… acompanhei o som até quase desaparecer… peguei na minha roupa… abri a porta do quarto  devagar… já tinham descido para o piso de baixo, corri para a casa de banho, preparei me e discretamente  fui seguindo o grupo de pessoas… deviam ser da imobiliária… estavam a fazer a ronda a todos os compartimentos da casa… saíram… aproximei me do P … sorriu quando me viu… confirmou que eram possíveis compradores… abracei me a ele… num abraço bem apertado como se fosse possível nos fundirmos… não pude evitar que uma lágrima rolasse pelo meu rosto… tentei desfazer o abraço mas desta vez foi ele que o apertou… ele também devia estar a pensar que o fim estava próximo… engoli a vontade de chorar com todas as forças… mas o seu  beijo quente e macio desarmou me e as lágrimas rolaram lentamente até ele lhes tomar o gosto… afastou se de mim ligeiramente… secou o meu rosto suavemente com os seus dedos… não fez perguntas… não precisava… tentando desanuviar o clima lembrou que era quase hora do almoço e não havia nada em casa para almoçarmos… saímos… ele quis conduzir mas a mão dele ainda estava um pouco rígida… fomos devagar… estávamos demasiado esfomeados para irmos a um restaurante, compramos umas sandes e sentamos  nos num banco de um jardim, apesar de ter muitas árvores não se ouviam o chilrear dos pássaros... a musica de fundo era o som do movimento dos carros no seu pára arranca das grandes cidades.
Não ficamos lá muito tempo, fomos à empresa, precisava de falar com o Sr Administrador sobre a minha situação, o P já não dependia de mim, e precisava de saber quando podia retomar as minhas funções na empresa.
Entrar naquele elevador, quase cheio fez me recordar o primeiro dia em que conheci o P e de como ele mexeu com os sentidos…  subimos até ao 12º piso com um sorriso estampado no rosto. Enquanto o P ficou à conversa com Dona L, fui falar com o Sr Administrador que numa ultima oportunidade de tentar que o filho desistisse de ir para Itália, me implorou que ficasse a viver com o P até à data da partida. Deixou me num grande dilema, por muito que amasse o P nunca lhe iria pedir para desistir do seu sonho para ficar comigo,  antes de conhecer o P já tinha em projecto regressar a Portugal  e estava fora de questão  ir viver para Itália… a nossa separação seria inevitável…