terça-feira, 25 de maio de 2010

... Mais forte que a razão










… Fiquei decepcionada… vesti aquele vestido para o provocar … pensei que fossemos fazer amor no sofá… nem durante a dança ele relaxou … senti o tenso e distante … mesmo durante o lanche ele permanecia calado … o seu silencio começava a irritar me decidi perguntar lhe sem rodeios porque o incomodou tanto ver me de vestido de noiva…tentou fugir à resposta… obriguei o a olhar me nos olhos… reformulei a pergunta com firmeza… começou com um discurso que o casamento não fazia parte dos seus planos a curto e médio prazo, que tinha projectos a solo que queria concretizar … irritou me profundamente que ele não tenha percebido que era uma simples brincadeira e que tenha feito más interpretações do meu acto… em tom frio e seco esclareci o que o casamento também não fazia parte dos meus planos, que podia ficar descansado que nunca o iria impedir de ir para Itália realizar os seus sonhos e se estava naquele momento a partilhar com ele aquela casa foi porque o pai dele me pediu para ajudar nas mudanças … tentou me agarrar … quase gritei ao pedir lhe distancia… e em tom profissional perguntei lhe o resultado do telefonema da irmã sobre o que se podia ou não encaixotar e dirigi me ao 1º piso… voltei a fechar a arca da mãe dele… não estava com espírito para desvendar mistérios… descarreguei a minha raiva no trabalho… ele nem ousava me falar só via a roupa a voar à minha frente… eu queria acabar aquela tarefa o mais rapidamente possível… ate me esqueci da hora do jantar… não tinha fome… já era tarde mas só parei quando o quarto da irmã ficou limpo e tudo encaixotado… já não havia espaço no haal de entrada para mais caixas… ouvi uma peça de louça a cair na cozinha era ele a tentar cozinhar… com uma mão não estava a ser fácil… ajudei o a terminar … ele pouco jantou … eu ainda tentei mas a comida não descia… sentia me a sufocar naquele fosso que foi criado entre nós… deixei o só e fui tomar banho … fiquei algum tempo debaixo do chuveiro de olhos fechados … estava demasiado electrica … nem aquela agua quente a cair no meu corpo me acalmou … quando sai da casa de banho ele estava à porta à espera para entrar … pediu me para proteger as ligaduras da mão e foi tomar banho sozinho… decidi dormir sozinha e fui para o quarto da irmã… mas o sono não chegava, dei voltas e mais voltas naquela cama …queria tanto sentir o corpo dele encostado ao meu… sentir o seu cheiro… comecei a sentir me febril… fiquei com sede… com fome… cada vez mais inquieta… levantei me … fiz chá e torradas … sentei me na cozinha fazendo planos mentalmente para me distanciar dele… estavam a ser criados laços que mais tarde ou mais cedo teriam de ser desfeitos… os nossos caminhos cruzaram se por breves momentos e eu sentia o fim muito próximo… absorta nos meus pensamentos não dei pela sua chegada… depois do susto e de ter derrubado a caneca do chá… o meu olhar ficou preso no seu… o meu coração batia descontroladamente … desci o olhar … estávamos à media luz eu com uma camisa de dormir muito fina diria quase transparente e ele nú … todos os meus planos de lhe resistir foram esquecidos… fiquei com a garganta seca… seria incapaz de emitir qualquer som naquele momento… ambos roídos de desejo mas nenhum de nós queria dar o primeiro passo… a tremer por dentro mas tentando ser indiferente limpei o chá derramado e fui lavar a caneca … ele aproximou se de mim… mesmo sem me tocar senti o calor do seu corpo… a sua respiração profunda batia me no pescoço provocando me arrepios…eu continuava de costas … as minhas mãos tremiam … encostou se ainda mais… fiquei presa entre a banca e o seu corpo… senti a sua mão quente na minha anca… soltei um gemido quase inaudível… virei me lentamente… as nossas bocas ficaram próximas … os nossos gestos eram lentos como se receássemos que um gesto mais brusco acabasse com o momento … os nossos lábios movimentavam se sem se tocarem… acabando por roçarem levemente … as nossas línguas bailaram… concretizando um beijo lânguido… húmido… intenso… profundo provocando me o meu primeiro orgasmo daquela noite…

segunda-feira, 17 de maio de 2010

... O vestido de noiva









As caixas que nos entregaram para acondicionar as roupas da mãe do P eram de grande porte, seria impossível o P as carregar com uma mão do primeiro piso para o rés do chão e eu sozinha também não podia, por isso estendemos uns lençóis no hall da entrada e atirámos a roupa do primeiro piso para baixo, quando os armários do quarto da mãe dele ficaram vazios descemos para acondicionar a roupa nas caixas e por fora escrevemos “Cruz vermelha”… enquanto o P ligava à irmã para Itália lembrando que a casa ia ser vendida e como queria que se fizesse em relação aos seus pertences eu subi novamente para o quarto da mãe dele …existia uma arca que me despertou a curiosidade … estava ansiosa por a abrir… sempre achei que as arcas muitos misteriosas… estava fechada … lembrei me ter visto uma chave num guarda jóias … era a chave certa… por cima tinha um vestido antigo de baptizado… a seguir o vestido de noiva da mãe do P… já o tinha visto numa foto … nunca percebi o entusiasmo das minhas amigas por um vestido de noiva … entrar numa igreja assim vestida nunca fez parte do meu imaginário… nem todo aquele ritual que envolvia o casamento em que tudo era encenado… com horas marcadas para tudo… em que nada era espontâneo… com promessas que sabem que não vão cumprir mas na hora preferem fazer de conta que sim… para mim amar era muito mais simples não eram preciso protocolos, assinaturas, alianças que eu considerava algemas… mas mesmo assim apeteceu me experimentar o vestido para ver se algo mudava em mim… nada… não senti nada … era um vestido bonito só… estava um pouco largo… levantei a saia de um lado e prendi com uma jóia de maneira que a perna e parte da coxa ficasse a mostra… com outra jóia prendi um pouco de tecido de maneira a evidenciar mais o decote… prendi o cabelo no alto da cabeça com algumas pontas caídas… passei um pouco de rímel e batom… o P. pôs um disco a tocar e chamou por mim para lancharmos… desci as escadas devagar … descalça … quando cheguei à sala ele estava de costas… perguntei “o cavalheiro dança? ” quando me viu ficou atónico… não conseguiu falar … eu senti que ele gostou do resultado mas ficou com duvidas quanto ao seu significado como se eu lhe estivesse a enviar alguma mensagem que ele não queria decifrar… não dei importância… encostei me a ele e dançamos em silencio… sem sapatos o meu rosto ficou ao nível do seu coração que batia descompassadamente… quando a musica acabou dei lhe um breve beijo na boca e voltei para o quarto… tirei o vestido… coloquei o delicadamente em cima da cama olhei mais uma vez para arca que eu sentia tinha muitos mistérios para desvendar e desci para lanchar… o P estava sentado no sofá muito pensativo… o que teria ele pensado…