terça-feira, 23 de junho de 2009

... A perda


…durante toda a semana não vi mais o P… não fui mais ao hospital ele já não precisava de mim … tinha o pai … a irmã e outros familiares que entretanto foram avisados… o estado clínico da sua mãe piorou e ao fim de uma semana faleceu… desde a ultima vez que estive com o P desliguei as emoções … só funcionava profissionalmente… ia sabendo o desenrolar dos acontecimentos pela Dona L ... o P só saía da beira da mãe para comer ou tomar banho… o Sr administrador voltou a controlar a empresa. No dia do funeral sentia me um pouco em baixo… apesar do controlo que a E fazia nas minhas refeições eu pouca vontade tinha de comer… vi o P abatido e mais magro… não ousei me aproximar estava rodeado de muita gente só quis que ele me visse para o caso de precisar de mim… senti um nó na garganta , senti uma vontade enorme de chorar mas as lágrimas não saiam... estavam presas … vejo a Dona L chegar como seu filho … o M… o meio irmão do P que conheci em Reims … cumprimentou me com os tradicionais quatro beijos bem demorados … depois abraçou me longamente… não reagi… não senti nada … continuei fria… dirigiu se ao irmão e abraçaram se… ficaram os dois com as lágrimas nos olhos… e eu continuava sem conseguir verter uma lágrima… No fim do funeral o P foi para casa com os seus familiares … Dona L sofria … morria de vontade de abraçar o homem da sua vida… o Sr administrador… mas ele acabava de enterrar a sua mulher legitima… o momento não era adequado embora os olhares dos dois já falassem tudo… disse lhe que podia ir para casa que eu fecharia o escritório por ela…. O M deixou a mãe em casa depois ofereceu se para me levar ao escritório… fomos em silencio no carro … continuamos em silencio no elevador… não me apetecia falar… ele não parava de me olhar… dentro do escritório encostou me a parede e beijou me como um louco … continuei fria… mas ele não parava … dizendo que eu não lhe saia da cabeça … que me queria … que me desejava… não ofereci resistência… mas não sentia nada como se estivesse anestesiada… deixei que ele me beijasse … me acariciasse … fechei os olhos precisava se sentir qualquer coisa … que algo em mim acordasse… enquanto me despia… a sua boca percorria o meu corpo… ele continuava sôfrego… sedento… ansioso… e teve o orgasmo antes de me penetrar... jorrando involuntariamente contra o meu ventre… o seu gemido despertou me … ele continuou a beijar me mais calmamente e eu comecei a ficar mais solta … o desejo começou a crescer… estava a precisar de mimos e aqueles estavam a saber muito bem… deixei me ir… entreguei me aquelas carícias… mas de olhos fechados… sempre… deixei me amar por aquela boca… aquelas mãos … aquele corpo colado ao meu… que me invadiu e me fez soltar as lágrimas… há muito presas… que explodiram junto com o prazer que aquele vulto me proporcionou… enquanto o M jorrava desta vez dentro de mim as minhas lágrimas continuavam a rolar descontroladamente pelo meu rosto que ele lambia e sorvia alternando com beijos no rosto…

quarta-feira, 17 de junho de 2009

... Sentimento de culpa


… Os dias que se seguiram foram angustiantes… o diagnostico era muito reservado … mesmo que ela ultrapassasse o coma as mazelas seriam imensas… dilacerava-me o coração ver o sofrimento do P. o sentimento de culpa perseguia o … eu não sabia como o aliviar desse peso… nada do que eu dissesse iria mudar o seu pensamento… a raiva dele assustava me … sempre de punho cerrado como se fosse esmurrar algo ou alguém a qualquer momento… eu queria lhe dar mimos compensar o seu sofrimento de alguma maneira… mas sentia que a minha presença lhe lembrava ainda mais a razão da sua dor… se não tivéssemos ignorado aquele barulho a mãe dele teria sido socorrida mais cedo e… talvez fosse mais fácil ela recuperar… já me estava a sentir culpada… não era justo… não podíamos prever que naquele momento de entrega total um ao outro, alguém estaria a precisar do nosso auxilio… sempre que ele olhava em minha direcção o seu olhar era neutro… indecifrável … arrepiava-me a ideia de ele me achar culpada… sentia me tão mal… passamos o sábado todo no hospital… os médicos aconselharam nos a ir embora ele nada podia fazer mas…ele não queria sair dali … não queria abandonar a mãe… não tive coragem de o deixar sozinho… o pai e a irmã estavam no estrangeiro… fiz lhe companhia pela noite dentro… acabamos por adormecer exaustos, sentados nas cadeiras … quando acordei ele estava debruçado sobre ela como à espera de um sinal … senti me fraca não consegui comer nada o dia todo… ele também não comeu nada mas senti o com uma energia inesgotável … era a raiva que o alimentava… mas eu estava a ficar sem forças … lembrei me de Dona L… liguei lhe … ela achou melhor avisar o Sr. Administrador e a sua filha e veio ter ao hospital… o P abraçou a… deixou que ela o confortasse… fiquei com os olhos húmidos mas as lágrimas ficaram presas porque ele não quis que eu o confortasse… que eu o abraçasse… deixei os e fui com a E para casa dela… tomei um banho quis chorar mas as lágrimas não saíam … tentei a muito custo comer alguma coisa … tentei conversar uma pouco com a minha amiga E mas não me sentia bem… regressei ao hospital …sugeri à Dona L que o levasse para casa eu ficava ali na vez dele…mas ele não aceitou … fiquei com ele novamente toda a noite … segunda feira de manhã acordei cedo com dores no pescoço, ele já estava perto da mãe … aproximei me … dei lhe a mão … ele apertou a e sem me olhar pediu me para ir trabalhar dou me instruções sobre os processos a tratar… dei-lhe um beijo no rosto e dirigi me ao metro mais próximo… demorei um pouco a entrar no ritmo do trabalho mas consegui preparar os processos para Dona L os levar ao hospital para o P assinar… a E veio almoçar comigo queria se certificar que eu comia alguma coisa… grande amiga… a irmã que nunca tive…