terça-feira, 28 de abril de 2009

... O primeiro contacto


… A meio da noite durante o sono senti o P a encostar se a mim … eu estava de costas e o seu sexo duro e quente deslizou por entre as minhas coxas … mesmo sonolenta aquele contacto humedeceu me deixando me excitada… embora soubesse que era o P aquele contacto na escuridão do quarto provocou me uma sensação de “dejá vu” , como se já tivesse vivido aquele exacto momento … memorias passadas desfilaram no meu pensamento e me transportaram para a minha infância… eu tinha doze anos … meus pais tinham emigrado , eu e os meus irmãos ficamos a viver com os meus avós… um incêndio devorou as duas casas vizinhas … a casa dos meus avós teria sido a próxima … felizmente os bombeiros conseguiram controlar o fogo a tempo… aquelas línguas gigantescas de fogo e o cadáver do vizinho carbonizado por ter adormecido a ler à luz da vela não saiam do meu pensamento… nunca mais consegui dormir em casa dos meus avós, felizmente os meus pais quando emigraram deixaram a nossa casa habitável e decidi levar os meus irmãos mais novos comigo e passamos a dormir sozinhos lá, a casa também não ficava muito longe da dos meus avós. Um primo que morava noutra região vinha regularmente a nossa casa principalmente no verão para fazer praia, sempre nos entendemos muito bem , a nossa cumplicidade era perfeita, apesar da diferença de idades que em adultos não é significativo mas quando se é criança é e muito, eu com doze ele com vinte, a conversa fluía naturalmente e as brincadeiras também e sempre de maneira muito agradável, no entanto eu nunca o vi como um possível namorado para mim era como um irmão até lhe contava as minhas apaixonetas de escola, como já era habitual ele veio sozinho e ficou a dormir na casa dos meus pais, tanto eu como ele tínhamos o habito de ler antes de adormecer, ele ficou no quarto dos meus pais , eu fiquei no meu com os meus irmãos que eram mais novos e tinham medo de dormir sozinhos depois do incêndio… ao fim de algum tempo ele veio ter comigo e sugeriu para eu fosse ler para a cama dele assim só se gastava uma luz, achei normal e fui… ao fim de algumas paginas ele disse que estava com sono eu também já estava… ia me pôr a pé para regressar o meu quarto, quando ele disse para eu dormir com ele assim os meus irmãos ficavam com mais espaço... fiquei ... apagou a luz e preparei me para dormir na minha posição preferida … posição fetal… ele aproximou se de mim… tirou me as cuecas… não fui capaz de reagir… senti me a paralisar… não de medo… mas algo de diferente estava a acontecer… foi um despertar de sensações que eu desconhecia que existiam e ele era o meu amigo ele devia saber o que estava a fazer … deslizou o seu sexo por entre as minhas coxas, senti o bem duro… quente… estava a sentir uma coisa que nunca tinha visto nem em foto… comecei a ficar húmida … só de o sentir … bastante húmida… eu nada sabia sobre sexo… a informação era nula mas por instinto eu já adivinhava o que aquilo representava… e percebi logo como se concebia… ele falava me ao ouvido de maneira doce … queria me convencer a ir mais além… mas eu por instinto sabia que não devia … só queria ficar assim um tempo a sentir lo entre as minhas coxas mais nada… a sensação era boa demais para me levantar e sair da cama e fugir para o meu quarto… entretanto a minha avó mulher sábia e conhecedora da vida … talvez tenha visto no olhar dele coisas que me escapavam devido a minha idade … apareceu e bateu à porta de casa chamou por mim… sai a correr da cama e fui até à porta… perguntou me se estava tudo bem… respondi que sim… ela voltou a insistir… tranquilizei a… regressei ao meu quarto … demorei a adormecer… de manhã quando acordei ele já não estava desistiu das férias fiquei alguns anos sem o ver… nesse mesmo ano os meus pais vieram buscar nos e emigramos também… eu não sei até onde eu seria capaz de resistir, o que estava a sentir era muito bom … mas não sei se estaria preparada para o que viria a seguir poderia até ficar a odiar o sexo… ou talvez não … não sei… de qualquer maneira acho que ainda bem que a minha avó apareceu na hora certa… e assim só ficou gravado em mim a boa memoria e ainda hoje quando penso nesse momento sinto o com a mesma intensidade que senti nessa noite… às vezes penso se a nossa primeira experiência condiciona ou não as experiências futuras… a abordagem que mais me excita é quando um homem me abraça por trás e me fala ao ouvido… e me faz sentir o seu sexo por entre as minhas coxas… será coincidência?... será devido a essa experiência?... não sei… quando o voltei a ver anos mais tarde eu já com dezoito anos não o associei ao sucedido, talvez por não ter visto o rosto dele. Continuei a olhar para ele como o primo de sempre, sem qualquer desejo, a não ser a vontade de continuar a sermos amigos embora eu já soubesse que ele queria namorar comigo e toda a família pensasse que ainda iríamos casar… fechei a porta do meu pensamento e entreguei me com muita preguiça às carícias do P que me beijava o pescoço… me mordiscava a orelha… afagava-me os cabelos… apesar de me arrepiar e estremecer ao seu toque deixei me ficar sonolenta… apesar de me sentir cada vez mais húmida… estava me a saber bem aquele mimo… depois espreguicei –me… apertei mais as coxas. .. encostei a minha mão ao seu sexo e pressionei o contra o meu sexo … estávamos os dois muito húmidos … num movimento de ancas incitei o a se movimentar entre as minhas coxas … e explodiu na minha mão… a sua mão juntou se à minha dedilhando o meu clítoris e me fez enlouquecer de prazer … um belíssimo orgasmo num momento de preguiça…

quarta-feira, 22 de abril de 2009

... O reencontro


… O trajecto para casa dele parecia me longo… demasiado longo… as saudades de sentir o seu corpo nu colado ao meu eram muitas… não parávamos de olhar um para o outro… às vezes ele punha a mão dele na minha coxa… era o suficiente para me fazer estremecer… olhava para ele e via o engolir em seco … ele também estava ansioso e inquieto … finalmente avistamos a casa dele… entramos na garagem … saímos do carro… e como um íman caímos nos braços um do outro… beijamos nos novamente com fúria… com fome… insaciáveis… nossas mãos percorriam frenéticas os nossos corpos… senti uma necessidade urgente de o sentir dentro de mim naquele momento… libertei o seu sexo sem pararmos de nos beijar… ele sentou me no capot do carro … abracei o com as minhas pernas e deixei o deslizar dentro de mim… gemi na sua boca… suas ancas baloiçavam de encontro a mim… ele também estava ansioso… ávido… estávamos quase a chegar ao auge quando ouvimos a porta da garagem abrir… o coração quase que me saía pela boca… escondemos nos atrás do carro… era a mãe dele… vinha da casa de uma amiga ... era a noite do jogo de cartas… era habito meu em situações semelhantes dar me uma crise de riso e o P ficou logo preocupado e tapou me a boca… mas não precisou porque fiquei paralisada ... ser encontrada daquela maneira pela mãe dele, rival da Dona L bloqueou me totalmente... da minha boca era impossível sair qualquer som. Ele ia ter que me apresentar a ela mas não queria que fosse daquela maneira. Felizmente ela não demorou muito… depois de ela sair comecei a tremer da cabeça aos pés… ele abraçou me carinhosamente … beijou me o rosto … ficamos um tempo assim até me acalmar e dar tempo para que ela fosse para a cama, não me sentia capaz de a encarar naquele dia… com o máximo cuidado subimos para o quarto dele… eu continuava nervosa… ele pegou me na mão e levou me para a casa de banho… foi me tirando a roupa lentamente… alternando com beijos no corpo e leves mordidelas… fui relaxando… e retribuindo o carinho… acabamos nus debaixo do chuveiro… os beijos e carícias continuavam por entre as ensaboadelas… ele sorveu me… eu sorvi o com a mesma intensidade… enxugamos nos com as toalhas mas continuávamos insaciáveis… fomos caminhando para o quarto dele como se estivéssemos a dançar… sem pararmos de nos beijar … de nos tocar… ele sentou se numa cadeira… eu sentei me no colo dele… fazendo o entrar em mim … as minhas ancas baloiçavam suavemente… ele apertou me as nádegas pedindo mais ritmo… mordeu me os seios… gemeu … explodiu… beijei o sem parar de baloiçar… uma onda de calor invadiu o meu corpo… acompanhado de uma tontura deliciosa e soltei o meu prazer gemendo no seu ouvido… agora sim já podíamos ir dormir… deitamos nos naqueles lençóis suaves … nus … corpo contra corpo e adormecemos tranquilos…

sexta-feira, 17 de abril de 2009

... A dança


… Foi uma tarde de trabalho muito difícil… o P não parava de me dar processos para preparar, queria fazer numa tarde todo o trabalho de uma semana que ficou adiado devido a sua ausência… a presença dele punha me nervosa… a simples visão do peito dele à mostra por entre a camisa desapertada… fazia o meu coração palpitar… por varias vezes fiquei rouca… e perdia a voz quando tinha que falar com ele … só olhava directamente para ele se estivesse distraído a ler algum processo… não dei pela hora passar… já era bastante tarde quando olhei para o relógio… tinha combinado com a E que dormiria na casa dela e iríamos dançar um pouco era a única coisa que me animava quando não estava bem … perguntei lhe se ainda precisava de mim… ele olhou para o relógio e viu que também já era tarde.. pediu me desculpa por me ter atrasado… disse que ia chamar um táxi para mim… informei que não era necessário iria ficar na capital em casa da E… inevitavelmente os nossos olhares se cruzaram … mais uns segundos e eu caia nos braços dele… ele ficou pensativo depois perguntou se eu ia dançar … antes de o conhecer eu passava as minhas noites de fim de semana a dançar… ele sabia disso…confirmei virei lhe as costas fui buscar um saco com alguns dos seus pertences que tinham ficado no quarto do pintor… não esperei que ele pegasse no saco … coloquei o perto dele e fui me embora rapidamente… estava a ser insuportável estar na presença dele sem o beijar … acariciar… mas eu era muito orgulhosa… era incapaz de beijar um homem sem saber se ele também o queria … a partir daquele fim de semana em Reims fiquei com duvidas… Eu e a E já tínhamos um lugar habitual para dançar… o ambiente estava animado mas custou me a entrar no espírito de festa… depois de começar não parei mais… deixei me possuir pela musica… entrei noutra dimensão… nada mais existia à minha volta… de vez em quando punham uma musica mais suave para dançar a dois … e claro que a E avisou o irmão que eu ia lá estar… e recusei o convite dele para dançar… não estava com paciência… eu sabia que ele ia tentar uma aproximação mais intima já era costume… ele insistiu… fiquei zangada e ia sair dali quando dou de caras com o P… os olhos dele riam… já devia estar ali algum tempo pelo copo que tinha na mão… não consegui dar mais um passo…fiquei presa no seu olhar… ele pousou o copo …veio em minha direcção… esqueci me de respirar… pegou em mim para dançar … senti me um tronco rígido… os meus pés pareciam feitos de chumbo… ficamos um tempo sem sair do sitio … estava demasiado tensa… ele falou me ao ouvido para eu relaxar… passou me as mãos pelas costas… arrepiei…beijou me o pescoço… um calor percorreu o meu corpo tornando o mais flexível …começamos a dançar… a harmonia que tínhamos quando fazíamos amor era a mesma ali a dançar … movíamos nos com muita sensualidade … os nossos corpos estavam demasiado colados… senti através da roupa a sua excitação a crescer… as nossas respirações tornaram se ruidosas… esquecemos nos de onde estávamos … já não era bem dança o que estava acontecer… eu já não aguentava mais estar ali dentro… pedi lhe para sairmos dali … saímos apressados… procuramos na rua um sitio isolado e beijamos nos com tanta sofreguidão… tanta loucura…tanta paixão… que acabamos por gozar só tocando nos por cima da roupa … por fim ele disse que queria passar comigo a noite.. na casa dele… fui avisar a E que já não dormia em casa dela… pelo caminho para casa dele falamos do nosso afastamento ele pensava que eu já não queria mais nada com ele sentiu me distante em Reims… eu disse que foi só impressão dele… não lhe ia contar que eu e o irmão nos beijamos eles pareciam se entender tão bem… não queria ser o motivo de discórdia entre eles, além do mais nunca mais iria ver o M..

terça-feira, 14 de abril de 2009

... Saudades


… No dia seguinte apressei me a entrar no elevador com a esperança de o encontrar lá dentro… nem sinal dele… podia já estar lá em cima… animei me… o meu coração foi acelerando conforme ia subindo… decepção… Dona L. informou que ele não viria nem naquele dia nem no seguinte… três dias sem o ver … que saudades que eu tinha da sua voz … do seu olhar… das suas mãos… dos… seus… beijos… senti me a sufocar… respirei fundo … pedi à Dona L se ele ligasse ou se ela conseguisse falar com ele novamente para me passar a chamada… tinha de o informar que tínhamos de entregar o quarto… à tarde foi ele que ligou e pediu para falar comigo… assuntos de trabalho… quando ouvi a voz dele fiquei com um nó na garganta... as palavras não saíam… ouvi várias vezes ele chamar o meu nome... pensando que a chamada tinha ido abaixo desligou sem que eu conseguisse emitir um som… a minha mão tremia pousada no telefone… o telefone voltou a tocar… estremeci de susto… era ele novamente… limpei a garganta para ele ouvir que eu estava em linha… respondi um sim quase mudo… ouvi as instruções que ele tinha para me dar num tom muito profissional… depois já mais calma falei lhe do quarto… ele confirmou o combinado com Madame Janine… voltou de seguida a falar de trabalho, já tinha detectado o problema estavam em negociações com o cliente da Costa do Marfim e enquanto não ficasse resolvido não voltaria à capital… despediu se de maneira formal… tentei abstrair me desta indiferença mergulhando no trabalho com afinco.. nem dei pela hora passar… continuava sem vontade de ir para casa… desde que o conheci habituei me a viver o dia a dia… numa correria …num alvoroço… numa excitação… e agora não havia nada… sentia falta dessa adrenalina que me fazia sentir viva… tinha de voltar a organizar a minha vida... seguir outro rumo procurar outras motivações… voltar a sair com o meu grupo de amigos… mas… nem esse pensamento me alegrava… precisava um pouco mais de tempo…
Ele só veio na sexta a tarde… tinha um ar cansado… estava a conversar com Dona L quando cheguei, após a hora do almoço… os nossos olhares se cruzaram … pareceu me ver por uns instantes um brilho nos seus olhos mas ele desviou o olhar… apeteceu me correr para os seus braços … cobrir lhe de beijos… mas precisava de receber um sinal dele… precisava de sentir que ele também queria isso… não consegui ficar muito tempo na presença dele … voltei ao meu gabinete com as lágrimas quase a saltarem dos olhos… mas não deixei que elas saíssem

terça-feira, 7 de abril de 2009

... Nostalgia

(foto de Sascha Huttenhain)

... Cheguei ao piso 12 sem energia … o P ia ficar fora todo o dia … o rosto de Dona L. denotava preocupação, era bom que o P encontrasse alguma falha do cliente ou pelo menos que o prejuízo fosse dividido pelas duas partes. Depois de conversarmos um pouco sobre a empresa contei lhe que fui a casa do filho dela… o rosto dela iluminou se … perguntou me logo como estava o M… se a colheita estava a correr bem… já alguns meses que não via o filho, embora falassem por telefone… ele preferiu fugir da cidade e dedicar se à produção de champanhe, aliás o sonho de Dona L. e do Sr administrador era irem viver para Reims e deixar a capital, sempre pensaram que o P ficaria com a empresa , mas os planos do P eram outros, ele queria mesmo regressar à terra dos antepassados … Itália… o Sr. administrador não queria cometer o mesmo erro do seu pai… frustrar os sonhos do seu filho já bastou terem frustrado os dele… nenhum dos filhos optou por ficar com a empresa do pai… Dona L segredou me que o Sr. Administrador fez questão de viajar ele próprio em prospecção e pedir ao filho para o substituir na empresa com o intuito de o atrair para a empresa e talvez ele desistisse de ir para Itália… eu também gostaria que ele desistisse mas nunca lhe pediria isso…
O dia passou penoso… o P não deu sinal… Dona L. ligou para as instalações fabris para tentar saber se o processo estava a correr bem mas não foi possível falar com ele… não me apetecia ir para casa … deixei que os meus passos me levassem ao quarto do pintor… a cama estava montada… a Madame Janine era um doce de pessoa… aliás todas as pessoas que conheci na época com a idade dela eram simpáticas, tolerantes, com uma alegria de viver que não se via nos jovens … talvez por na juventude delas terem vivido o horror da Segunda Guerra Mundial dessem mais valor ao que é realmente importante… em cima da cama estava o livrinho das 101 posições… sorri… será que ela esteve a ver … desci e fui até ao apartamento dela … tinha de perguntar quanto era o conserto da cama… abriu a porta com o seu habitual sorriso… não aceitou o dinheiro… mas informou que o pintor apareceu… e quer novamente o quarto… desconhecia este acordo que ela fez com o P alugaria o quarto mas se o pintor voltasse teria direito ao quarto… ela estava mesmo desolada… o pintor não apareceu por uns tempos porque faleceu o pai… andou um pouco perdido mas agora queria acabar os estudos, já fazia 3 anos que ele vivia ali já se tinha afeiçoado a ele … tínhamos uma semana para deixar o quarto…. perguntei se a podia incomodar de manhã cedo para tomar banho… decidi ficar a dormir lá aquela noite sozinha queria me despedir do quarto e dos bons momentos que ali tinha passado… já não sabia se regressaria aquele quarto as coisas com o P esfriaram um pouco… Madame Janine convidou me a fazer lhe companhia ao jantar…ficamos horas a conversar … contou me historias maravilhosas da sua vida …dos romances… … ficou solteira por opção … queria ser livre… só tinha pena de não ter alguém com quem conversar… regressei ao quarto… pela ultima vez ouvi os discos do pintor… cada musica fazia me reviver momentos passados com o P… as lágrimas rolaram pelo meu rosto sem que eu conseguisse parar… adormeci com o rosto molhado….

sexta-feira, 3 de abril de 2009

... O afastamento


… apesar da beleza da paisagem o meu pensamento alheou se deixando os acontecimentos desse fim de semana desfilarem a uma velocidade vertiginosa… não sabia se a minha marcha estava a ser comandada pelo meu consciente se pelo subconsciente… um deles apercebeu se que a determinado momento havia uma bifurcação e que era preciso escolher o caminho correcto… na hora não se comunicaram e só me apercebi que segui o caminho errado quando ouvi um cão a rosnar muito perto de mim… depois de gritar de susto fiquei com medo até de respirar… aquele caminho levou me directamente a uma propriedade privada que estava a ser protegida por aquele canino feroz… ele não parava de me mostrar aqueles dentes brilhantes afiados… depois de o fixar atentamente apercebi me que só me atacaria se eu entrasse… estava bem ensinado… comecei a recuar muito lentamente sem tirar os olhos dele… conforme a distancia entre nós ia aumentando a sua expressão foi suavizando até fechar a boca… sentou se sem tirar os olhos de mim… virei me e acelerei o passo começando a respirar normalmente… quando estava quase a chegar novamente a bifurcação chega o M a cavalo… acelerado… andava à minha procura… já tinha ido a casa e não me viu… salta do cavalo… furioso… agarra me pelos ombros… chama me de irresponsável… mesmo zangado me atraía… tentei me soltar… entretanto chega o P também a cavalo … dirige se a mim preocupado… ia me beijar… evito a boca dele… ainda sentia o gosto do beijo do M dado umas hora antes... não me sentia bem na presença dos dois … o P ajudou me a montar o cavalo e levou me para casa. Pelo caminho foi me contando que o pai dele ligou a dizer que o cliente da Costa do Marfim ia devolver a ultima encomenda. Tínhamos de regressar logo a seguir ao almoço. Era preciso analisar todo o processo desde o primeiro pedido até a execução da encomenda para verificar se a falha tinha sido da empresa ou do cliente, o prejuízo era muito elevado. Mal cheguei a casa corri para o chuveiro … além do suor e do pó da caminhada precisava de tirar o cheiro do M … precisava de sair daquela casa... os rostos deste dois homens não paravam de povoar o meu pensamento. Saímos rumo à capital por volta das três horas… na hora da despedida o meu coração ficou agitado com aproximação do M… demos os tradicionais quatro beijos … o ultimo dele foi bem perto dos meus lábios senti o estremecer… no trajecto de regresso tanto eu como o P íamos calados … ele ia pensativo … notava se uma grande preocupação no seu rosto… devia estar a pensar no problema da empresa… e eu não tinha vontade nenhuma de falar… só pensava no beijo do M… antes de ir para casa passamos no escritório, era preciso recolher todo o processo do cliente para ele analisar, no dia seguinte ele tinha de ir às instalações fabris que ficavam fora da capital . Foi estranho subir aquele elevador… mais estranho ainda entrar no escritório do 12º piso… parecia que já não entrava ali há muito tempo e no entanto só se passou um fim de semana. Depois de encontrar toda a documentação necessária regressamos as nossas casas sem nos tocarmos. Sentia me tão cansada que mal cai na cama adormeci logo…